Está história aconteceu em uma das vidas paralelas do MULTIVERSO de um simples atendente de loja, em uma das centenas de filiais da MUQUIFÔ ... Famosa cadeia de lojas de conveniência.
São duas e quarenta e três da madrugada de uma segunda-feira para terça-feira.
Até os gatos cochilam, os cães dormitam, e a própria noite, embalada pelos 32 graus , briga com pesadas pálpebras e boceja relâmpagos e trovoadas, lá longe no horizonte.
De repente, irrompe dessa calmaria, dois senhores, vestidos em ternos elegantes, cortes de cabelos rentes, cabelos brancos...
E rindo muito, uma risada contagiante que por si só, alegrou o ambiente, poderia dizer, iluminou a psicoesfera do lugar...
Um deles, que emanava, apesar da idade, um ar de natural autoridade, e que nada tinha de velho ou frágil em sua postura , com uma voz muito suave , firme e educada, perguntou se havia queijo manchego para vender...
Confessei ao distinto senhor, que não sabia o que era um " queijo manchego", e que mesmo desconhecendo aquele tipo ou marca de lacticínio, poderia afirmar que não existia na loja, a tal iguaria ( ou não-iguaria Vá lá saber!).
Mudando abruptamente de assunto, e apontando para o livro que estava ao meu lado, o indefectível ENCONTROS COM HOMENS NOTÁVEIS, de autoria de George Ivanovich Gurdjieff, me perguntou, o que eu achava daquele autor...
Comentei alguns trechos, onde o sr. Gurdjieff, literalmente tirava do sério as pessoas ao seu redor, ao ponto de quase apelarem para a violência, quando então, ele( Gurdjieff) começava a contar as mais fascinantes histórias, que hipnotizava e encantava a audiência.
Fazendo assim, todos esquecerem suas " broncas" iniciais.
Minutos depois, o mesmo Gurdjieff, acendia um cigarro, no vagão de não- fumantes, e nova confusão começava ...
Confessei ao meu educado ouvinte, onde havia se juntado seu outro elegante companheiro, que prestava tanta atenção ao que eu contava, que eu mesmo, pensei que aquilo que estava contando era " super- interessante ", ou foi mais ou menos isso que aqueles olhos de pupilas escurissímas, como obsidianas causavam na minha mente!
O outro senhor, pediu licença e me olhando entre zombeteiro e sério, disse que naquela altura da conversa, deveria se apresentar: Me chamo Genaro Flores, e este é Juan Matus, um herborista. Eu sou ortopedista. Estamos à sua disposição ___ E ato contínuo fez uma estranha, mas muito séria mesura.
No que foi , então, chamada a sua atenção para o autor Gurdjieff e o que ele fez, naquele episódio dos passageiros e o leito de " não- fumantes"...
O recém , que se afirmou como Genaro Flores, disse que aquilo, parecia um método que tanto ele, como o sr. Juan Matus, conheciam como não- fazer ...
Nessa altura da história e da madrugada, meu cérebro " deu um estalo", tanto como meta-linguagem, como algo físico, onde literalmente senti algum " ossinho da quinta cervical dando um estalido!
Não sou de ingerir álcool, ou substâncias psico- ativas recreativas ... Estou acostumado com certas manifestações muito inusuais, produzidas por extraterrestres, o que por si só, é bem esquisito.
Mas, ver ali, na minha frente, dois personagens, saídos dos livros do escritor e antropólogo Carlos Castanêda, que já eram velhos, cinquenta e sete anos atrás, estava exagerado um pouco demais...
Deslizei minha mão esquerda, bem lentamente em direção à manga do paletó daquele que se apresentou como Genaro Flores, enquanto estava distraído, para verificar tatilmente se havia mesmo alguém ali... Mas, rápido, como se fosse um lutador de artes marciais, ele apanhou e apertou minha mão direita, e sorrindo disse: sim, sim ... Genaro Flores um seu criado! E olhou diretamente em meus olhos, o outro, sorria um " sorriso congelado" e fixava em mim, aquele outro par de " pupilas de obsidiana"!
Do nada, entrou no meu circuito mental, e também em minha tela mental, algo familiar para este que isto escreveu, um tipo de curta comunicação telepática, que informou taquigraficamente: está sendo visitado. Não perca a lição.
Daí chegaram na loja, um grupo de seis, oito meninos e meninas, alcoolizados, querendo salgados, etc... Fui para o caixa atendê-los , e quando a algazarra cessou,assim que os jovens saíram da loja, também os meus elegantes senhores de terno, não estavam mais ali. Não saíram pela porta da frente da loja, e fiquei sem saber, para onde tinham ido...
Tive que terminar o longo turno, e com o constante atendimento dos clientes, não tive muito tempo para reflexões...
A não ser as mais óbvias, que são, imaginei tudo, e essa é tão simplista, que a descartei de imediato. A outra, que não foi reflexão, mas simples constatação: perdi a lição!
Muito frustrante, mas que tipo de mente aguçada, aguçadissíma, eu precisaria possuir, para conseguir captar e absorver tal experiência? Óbviamente, não possuo...
Deixo o relato, meio confuso, mas me recuso a redigi-lo... Talvez, para alguém faça sentido!