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sexta-feira, 17 de março de 2023

NO VAGÃO DO METRÔ.

No dia 29 de março de 2018, uma quinta-feira, este que isto escreveu ouviu das pessoas do seu entorno:
Dois homens ,aparentando possuírem quarenta e cinco anos, conversando. Um deles diz: "Ao próximo como teu irmão considerarás e em consequência  tratarás"...
No banco, bem atrás de mim, uma menina, de uns treze anos, nominou o órgão reprodutivo feminino de " Botija Nuclear"...
Você aí que por acaso estiver lendo, é incrível como padecer de certos e duradouros transtornos  relacionados a escassez material  nos fazem perceber o sabor, o calor, a maciez, o conforto,  o amor, a honestidade,  a doçura e o luxo elegante de tecidos , comidas, poder conversar com as pessoas, dormir em uma cama,tomar banho usando água quente, um pedaço de pão com manteiga e um café quente e uma longa lista longa ...
Não recomendo , mas atesto a eficácia da privação,  no que concerne o afiar nossa sensibilidade  para as coisas que realmente importam  nesta atual passagem! Até o focinho preto do buldogue-morcego que cruza o nosso caminho na calçada é sensacional e traz emoções!
Mas essa sintonia  é somente para os barrigas-vazias, os sem-tetos, os homens e mulheres invisíveis  das ruas de São Paulo e do mundo. 
Os náufragos de alma, perdidos nas ilhotas remotas do infinito da indiferença de seus pares.
Tem coisas que os nutridos jamais vão conseguir enxergar...
     E às vezes, num turbilhão de fome ou nas aguilhoadas da dor-de-dente que jamais será aliviada por um médico, muitos de nós, " recebem" informações da espiritualidade,  ou comunicações telepáticas de seres partícipes da Confederação de Mundos da Galáxia. 
Que ironia...
     O que é verdadeiramente este vagão do metrô? Com seu entra e sai de inúmeras pessoas, diversas no vestir, no falar?

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